Olhando atentamente para a juíza Maria Segundo e bastante lúcido, o réu disse ainda que foi um momento de extrema fraqueza e brutalidade. Questionado pela magistrada se houve apenas três homicídios, Jorge afirmou que sim. A resposta causou indignação na plateia. O salão do júri está lotado. O delegado Paulo Berenguer, que conduziu o inquérito, afirmou mais cedo, em seu depoimento, que o trio planejava mais assassinatos.
"Esta seita, na realidade, foi algo criado por mim, Bel (Isabel) e Bruna. Há muito tempo eu tinha falado isso com uns amigos para ajudar as pessoas, mas ficou só na vontade. Foi quando eu decidir fazer este trabalho só com as duas", revelou.
A juíza perguntou se Jorge tinha algo a acrescentar em seu depoimento e ele apenas pediu para fazer uma oração. Com o consentimento, o réu fechou os olhos e pediu perdão a Deus e aos familiares da vítima.

O réu não demonstrou nervosismo diante das perguntas
Quando começou a interrogar Jorge Beltrão, a promotora Eliane Gaia, muito incisiva em suas colocações, questionou: "O senhor lembrou de fazer esta oração agora, mas também lembrou de fazer enquanto matava as vítimas?". O acusado respondeu: "Não. Naquela época, eu estava errado."
A principal condução dos questionamentos de Eliane foi o ato de canibalismo. "O senhor comeu ou não a carne da vítima?". Jorge se recusou a responder. A promotora insistiu: "Comeu ou não comeu?". O réu respondeu que sim. A promotora trouxe ao discurso a religião do acusado, criador da seita O Cartel, que visaria à purificação do mundo. "Então Deus deve estar bastante chateado com o senhor". "Eu concordo com a senhora", falou.
Questionado se chegou a vender salgados feitos com carne humana, Jorge negou. No entanto, em seu depoimento ao delegado Paulo Berenguer, Isabel Pires afirmou que as coxinhas e empadas eram, sim, produzidas com a carne das vítimas. O réu explicou que ela teria confessado na delegacia porque teve medo de ser agredida.
Jorge Beltrão confessou ainda que a filha de Jéssica, que ficou com o trio após o crime, assistiu ao assassinato da própria mãe.

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